sábado, 14 de novembro de 2009

A chuva sagrada




A chuva caía na mata ardendo.
A chuva caía, e era só esse som que se ouvia na mata.
Atrás das árvores, com seus olhos bem negros
você me via de longe e eu te olhava.
Veio um pássaro piando, piava a agonia da mata.
Foi molhado o seu canto, foi seco o seu pranto.
O pranto seco na chuva da mata.
O pranto que seca e a mata que molha.
A chuva sagrada e a fruta gogóia.
Vamos pisar descalços nas folhas molhadas
No frio das sombras
Na estrela da noite.


Porque quando te vi na sombra,
quando beijei a noite,
eu sabia bem longe,
que te queria na mata,
eu queria seu assobio,
e você queria meu pio
descalça contigo nas folhas gogóias.