sábado, 23 de junho de 2007

A arte da fotografia amadora



Não vou mentir: Todo mundo elogia minhas fotos. As pessoas perguntam como eu tirei, quanto tempo demorou; falam que eu sou super fotogênica e outras mil coisas. No final das contas, tirar foto é como tudo na vida: erro – acerto – erro de novo – acerto – um pouquinho de photoshop e muita paciência.

Pensar muito no “conceito” da foto, seja tentando imitar um editorial de moda ou capa para CD brega, não rola. Tem que ser tudo extremamente natural. Comece tirando fotos de qualquer coisa; se de repente aparecer algo que te atraia muito, continue tirando fotos daquilo em ângulos diferentes, e isso significa: Ficar torto, de cabeça para baixo, de quatro, com a câmera entre as pernas... Tudo conta, desde que a série alterne um pouco.

Se a sessão for com uma pessoa, converse, enquanto você se movimenta; não mande seu modelo fazer poses, isso geralmente dá errado: Só modelo profissional consegue o que você quer. Então, se quiser tristeza, fale daquele episódio horrível que teve na novela e por aí vai.

Nunca se esqueça de tirar pelo menos 3 fotos iguais, isso é importante, porque uma foto pode ser perdida se ficar tremida, então prenda a respiração e registre várias vezes a mesma pose.

Em hipótese alguma exagere no photoshop! Tudo bem tirar aquela espinha, ou uma sujeira na roupa; a borracha está livre para coisas passageiras. Mas se for para mudar a cor dos olhos, pelamordedeus, não use! A beleza natural é a coisa mais linda que existe, mesmo em se tratando do Ronaldinho Gaúcho.

Ninguém tem a cara da Barbie por natureza.

Conservatório



"Esse dia úmido há tempos não existe.
A flor do jacarandá, fresca na calçada,
me avisa sobre o lugar que, de alguma maneira
(além dos cheiros e da temperatura),
me faz voltar àquela tarde de uns anos atrás
quando eu ainda era apenas curiosa,
laço rosa,
soprando velas...

... Lento...

Essa placa de casa me diz nada além do nome
(cujo o sentido eu não sei),
ela somente traz a dúvida do que seria.
Eu espio como sempre, e pela janela vejo
um menino tocando seu mudo violino.
Porém isso ainda não me responde.
Aí sinto permanecer
o meu leve flutuar...

... Sopra...

Passa o velho com seu cigarro
(fumaça de palha),
guiando o ar para, outra vez,
me levar
àquela mesma tarde,
donde eu sempre
me sinto
segura em estar."

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O Queijo e Eu


Como em todas as minhas relações e relacionamentos, – mais esquisitos e pitorescos do que muitos por aí – com o Queijo não poderia ser diferente.

Preservemos a inicial maiúscula do referente, por ser algo de suma importância para a compreensão deste documento.

É engraçado: quando somos pequenos, temos um gosto diferente, e esse gosto vai evoluindo conforme o passar do tempo, etc e tal, porém, começar uma paixão louca de um dia para o outro, no meu vocabulário só pode significar uma coisa: obsessão.

Pesado, pesado... Eu sei. Mas só pode ser obsessão. Não que eu passe o dia inteiro pensando Nele, nem eu comeria, por exemplo, comida japonesa com Queijo (claro, se houver os dois pratos em uma só refeição, apreciarei com o maior prazer), mas Ele se transformou em uma peça fundamental para o meu entendimento de mundo.

Em um dia, não me lembro bem quando, mas há pouco menos de dois anos, eu comia Queijo em sanduíches, Queijo ralado, em massas, risotos, pizza, salgados, mussarela de búfala na salada, molhos de Queijo, sabor Queijo artificial, Cheetos, e por aí vai, mas nunca puro. Nunca Brie, jamais Camembert, fondue de queijo então, era algo de mais sem graça que poderia existir na face da Terra! De repente, aquele cheiro, aquele sabor, o vinho para acompanhar. Queijo, Queijo, Queijo!

Ok, ok... Não ignoremos o poder de um bom pão ou torradinha para acompanhá-Lo! Mas o pão é um mero coadjuvante (essencial, mas coadjuvante). Enquanto Ele, ah, ele... Ele sabe seduzir, sabe encantar, sabe derreter, sabe aparecer. Imaginem vocês, uma mesa de madeira escura, com vários Deles em cima. Aquelas espatulazinhas mágicas para O cortarem, aquela beleza que só eles têm! Quanto sabor! Queijo, ó, Queijo.

O que faria hoje de minha vida sem ele? É como no conto “A Dócil” de Dostoiévsky, não sei por que Ele apareceu, pra quê Ele apareceu, só sei que me apaixonei, Ele virou parte integrante de minha vida, e agora acabou. Mas sempre haverá mais para comprar em mercearias, supermercados, padarias, lojas de conveniência, enfim (diferente do caso do conto).

Puxa, como sou chula por essa comparação. Não me importa! Amo Queijo e o Queijo ama a mim. Fim.

Esse texto não tem título


"Marcos capítulo 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado. "

Na vida real o que vemos são pastores de igrejas "multinacionais", exploradoras, que sempre buscam o fundo do poço. E no fundo do poço encontram a miséria dos outros, e tiram seus sustentos e confortos através desta. Ou você já viu alguém que estivesse bem de vida rezando desesperadamente, cheio de imagens de santinhos?? Eu nunca vi. Na verdade já vi sim, aqueles famosos, da revista caras, posando de fiéis, ao lado de padres ou na frente de imagens, falando TEMOS FÉ EM DEUS E NA IGREJA! Claro que têm fé!!! Limpam a bunda com dinheiro, nunca quebram a cara, e quando caem, caem pra cima.

Agora, quanto a esse povo fodido, que não tem dinheiro nem pra cair morto, por que é que os pastores de igreja insistem em ir pra lá e tirar as poucas moedas que restam a esse povo? Porque esse povo não tem educação o suficiente pra cogitar a não existência de deus ou de um mensageiro Dele (pastor, padre e afins).

E nós temos???

Em minha opinião, o povo brasileiro não tem educação o suficiente pra ter fé em algo, independente de religião, o que foi criado apenas para alimentar sanguessugas aproveitadoras. Vide o numero de fiéis que foi ouvir às besteiras opressoras e moralistas do nosso amigo Bento, quando ele esteve em São Paulo soltando um pouquinho do veneno católico na cabecinha daqueles desprovidos de opinião própria. Se "Deus" realmente existe, e concorda com isso de evangelizar pelo mundo, a passagem citada no início do texto teria mais sentido se fosse:

"Explorai a desgraça dos miseráveis ao redor do mundo".
Afinal, é disso que a igreja vive, e foi para isso que a igreja nasceu.

VÃO EVANGELIZAR A CASA DO CARALHO!

Rafael, que não sabe o que quis dizer com este texto.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

O quê se pode entender?


Cada pessoa é um universo. Incrível como cada pessoa possui seus métodos de percepção das coisas em diferentes níveis e diferentes vivências. A pessoa é tranqüila ou nervosa, feminina ou masculina, forte ou fraca... A outra pessoa também pode ser tranqüila ou qualquer um dos outros restos, e elas até passam pelas mesmas coisas; mas pra cada situação, elas reagem de modo semelhante a princípio, mas depois de conhecê-las, as atitudes realmente podem variar. Uma pessoa conhece a outra pessoa, vê nela algo de si e assim a adora. As pessoas se sentem bem ao encontrar alguém semelhante, e elas se unem aí. Esse é o interesse de estar nas pessoas, de estar fora de si: é a perspectiva de não estar sozinho no mundo. Pois é. E cada um é um universo. Às vezes estamos tão presos e enfiados em nosso universo que a gente não vê o que tem no universo do próximo. A gente fica tão cego que a gente não vê o próprio universo. E muitas vezes nós vemos o nosso universo tão bem e somos tão questionadores que acabamos nos perguntando se a verdade do outro não é mais verdade que a nossa. Será que estamos errando e somos tão errantes assim? Nós fomos criados por alguém. Será que os pais de todo mundo estavam certos? Somos tão irracionais assim? Nosso subconsciente fala tão alto assim? Hoje eu vi uma família no ônibus e eles estavam fazendo o seguinte:

Cena: Linha Florianópolis/ Mathias Velho/ Canoas. Os pais com seu pequenino. Eles estavam sentados e alegres porque haviam comprado um mini-system nas Casas Bahia. Aí então foi quando o menininho, no colo da mãe, querendo jogar uma bolinha de papel do tamanho de uma jujuba para fora da janela do ônibus, "provocou" essa situação...

A mãe:
- Não vai jogá!!!! - dando uma “bifa” na mãozinha de aproximadamente um ano daquele menininho.

Aí o menininho começou a chorar e o pai pegou um pacotinho de bala de goma de dentro da sacola da firma e falou:

- Toma filho. Toma a balinha... - o menininho, chorando, recusou. Aliás, ele nem sequer olhou para o pai – Ah, não quer, é? Eu vou dar pra mãe então, quer, mãe?

- Ah, eu quero... Humn... Que balinha boa...

O menininho nem olhou, ele olhava para fora da janela. Aí o pai e a mãe comeram as duas últimas balinhas de goma do pacote. O menininho tentou jogar de novo o papelzinho pela janela e a mulher pegou o braço dele com toda a força (que podemos imaginar) que uma mãe furiosa possa ter para tomar uma atitude assim com o próprio filho. Mas ele atingiu o seu objetivo. Agora a bolinha de papel estava em contato com algum pedacinho do asfalto, e ele olhava distraído lá para baixo. Tão distraído que (choquem-se) ele não percebeu que estava com a mãozinha na coxa da mãe.

A mãe, nervosa:
- Mas o que tu pensa que tu tá fazendo com a mão na minha coxa, hein, seu safado?

Sim, ela deu três ou quatro bifas, mais fortes ainda que a primeira, na mão do garoto. O pai ria, dizendo "Ah, esse é dos meus", e nessa altura o garoto já estava em prantos e teve a atitude que estava ali, desde o começo prestes a acontecer: o garotinho deu uma bifa na mão da mãe e depois, de quebra, na mão do pai. Eu fiquei atônita, e mais ainda fiquei quando o pai disse:

- Isso, filho! Bate! (risos) Bate mais forte!!
- É, bate aqui no banco ó, bate com força! - disse a mãe, e o guri começou a bater no banco.
- Isso, bate com o punho fechado!
- Mais forte!!! - e, dirigindo-se ao marido - Ai, Ai! (risos) Ele é tão fraco que vai acabar quebrando a mão!

Depois de uns 20 "tapas" que o menino deu no banco, com os pais rindo alegres, o gurizinho começou a achar isso divertido e correto.

Pelo que eu me lembre, nenhuma situação assim aconteceu comigo quando eu era pequena, mas uma série de outras situações estranhas aconteceu e eu sei mais ou menos o quanto elas influíram na minha personalidade. Agora, o quanto essa atitude desses pais vai influenciar na vida desse garotinho? Será que há pessoas próximas a mim que viveram a mesma coisa e são grossas ou agressivas porque sofreram esse tipo de situação quando pequenos? Eu sou capaz de entender perfeitamente. Eu me disponho a ouvir. Eu tento ser justa. Mas e quanto a mim? Quem vai entender ou ter esse tipo de preocupação? Eu nem sei se alguém vai ler essa história toda ou vai ter alguma coisa a dizer a respeito, até porque quase ninguém mais tem interesse puro, e eu nem sei se isso já existiu alguma vez. A massa consegue olhar só pra si, hoje eu li uma frase numa "pastelaria-evangélica-da-esquina":

"Deus lhe deu a vida pra que você cuide da sua".

Tem tanta coisa ruim... E tanta coisa boa também, mas quem consegue aproveitar o bom? Quem consegue se deslocar de si, ver o mundo por cima e conseguir ter uma visão de si nesse mundo para poder melhorar ou apenas aprender a agüentar essa sua convivência quase forçada com o mundo? Eu tento. Eu não quero mais abraçar o mundo. Eu faço um esforço imenso e hoje eu aprendi que eu não posso esperar das outras pessoas as coisas que eu faço por elas, só para não me machucar mesmo. O bom mesmo seria conseguir um dia achar divertido e se bastar apenas ao ficar observando as pessoas. Ou então tentar esquecer disso tudo e parar de fazer drama, não é mesmo?

Não sou eu quem escreve. Eu sou a tela.


Eu tenho que escrever dois textos, acabei de descobrir isto, e estou cansado, com bafo e bunda suada, então não phodam minha paciência, ok?

Ontem eu andava com uma sensação super boa, e tudo graças a vocês, meus amigos desconhecidos. Voltei a escrever, e como sempre que volto a escrever, voltei a ler Fernando Pessoa. Este post é para ele.

Faz tempo, ganhei um livro do Pessoa, de aniversário. Para mim, que tenho a porra da obra toda dele numa edição portuguesa em papel bíblia, ao ver o presente repetido, fiz uma cara de cu; um cu feliz, mas ainda assim na materialidade original, um cu.
No entanto, a pessoa que me deu o presente era uma amiga dessas de muito tempo, talvez a primeira de todas, e que tem uma importância imensa na minha vida.

Pois bem, o livro que eu ganhei é muito melhor pra levar no ônibus, uma vez que menor, e, por isso, a verdade é que foi um puta presente foda, que hoje eu levo em baixo ‘da suvaca’ para todos os cantos em que perambulo.

Enfim, enrolei, enrolei, enrolei pra chegar aqui e falar sobre dedicatórias:

Elas são as coisas mais fantásticas que uma pessoa pode ganhar de presente.
Na minha humilde opinião, o presente é a dedicatória, o livro só a acompanha. Levo tanto em consideração a importância da dedicatória, que já levei livros de sebo apenas por causa delas.

Minha imaginação voa quando abro a primeira página do livro e me deparo com elas, fico pensando na pessoa que deu o livro, se estava comendo aquela que ganhou ou se apenas gostava profundamente; se casaram; se tiveram filhos; se hoje estão vivas; se morreram e alguém mercenário vendeu a porra do livro, ou se o livro era, de fato, uma merda, e a pessoa que presenteou, uma mala sem alça que merecia ser esquecida.

Devaneios à parte, já comprei livros muito bons por causa da dedicatória que havia neles, já me fodi várias vezes também, e tive certeza absoluta do grau de chatice da pessoa que presenteou, e até já comprei livros repetitivos, só por causa dos carinhos em letras mal feitas.

A verdade, maniqueisticamente falando, é que a linha de raciocínio para escrever este texto foi: Tenho que escrever para que legal zine ---> felicidade por voltar a escrever ---> felicidade por voltar a ler Pessoa ---> dedicatória do livro do Pessoa ---> dedicatórias ---> a dedicatória que mais gostei até hoje encontrada num sebo chulé do centro do rio, que segue:
“Para Carla, a menina que sempre me fez sonhar.
Saiba que as estrelas continuarão a brilhar no céu, apesar de tudo...
Elas sempre estarão lá, nada mudou, nada nunca muda.
Sérgio 13.05.72”

(Encontrado numa edição em sépia de “Olhai os Lírios do Campo”, do Érico Veríssimo).

Vgekdeguiko é uma pessoa que, no momento, fede, e, por isso, foi tomar um banhinho pensando quão fantástico deve ser ganhar uma dedicatória do Pessoa.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Sobre amor e pessoas más

Cena de Arquivo X, quando Mulder vai a Hong Kong investigar e da de cara com Krycek tentando vender a fita que contém informações do governo que prova que mulder não é um maluco falando asneiras. É também meu episódio favorito (O mistério de Piper Maru I)


É sempre assim, eu sempre prefiro os vilões.
Se não os vilões, os personagens sem personalidade, fracos e desesperadores.
Logo, anti-heróis.

Há alguns anos atrás, uma amiga me deu um livro de presente. Se não agora, quando? do Primo Levi. O livro conta a história de um bando de judeus desgarrados do Exército Vermelho, à procura de proteção, identidade e uma pátria. Este bando sai caminhando de Valuets, na antiga URSS, até chegar em Milão, na Itália. E se escondem, sofrem, alguns até morrem, etc. “Um livro de judeu”, como diz meu marido, que não é anti-semita.

Fato é que este livro tem um personagem, com o qual eu peguei simpatia logo nas primeiras páginas; o Leonid. Ele é calado, arredio, fraco, imprevisível, apaixonado e até irritante. Mas eu adorava Leonid.E quando ele [spoiler] morre no meio da história, quase tive vontade de jogar o livro para o lado. Só continuei a leitura por respeito à amiga Ana, que me deu o livro com carinho e uma belíssima dedicatória.

O mesmo aconteceu com outro livro, que ganhei de presente de uma outra Ana. Porcos com asas, de Marco L. Radice & Lídia Ravera.Ele conta a historinha de amor de dois adolescentes comunistas. Rocco e Antônia, o lindo casal capa-de-revista. Tenho simpatia por Lisa, a amiga mais velha e madura de Antônia, que na primeira crise do casal, sai com Rocco, dorme com ele e ainda fica insegura, mesmo ele sendo só um
garoto.

Em On the road, do Jack Kerouac, eu não tive compaixão nenhuma por Dean Moriarty. Achava-o chato, inconveniente e elétrico demais. Queria ser Sal Paradise. Queria ter nascido homem, pra me comportar como ele.

Em Arquivo X, meu personagem favorito é o Alex Krycek, um capacho que foi contratado pra vigiar o mocinho do seriado, e quando não precisavam mais dele, tentaram matá-lo. Só que ele não morreu, e agora é um fora-da-lei com uma fita
comprometedora, que o lado mau quer destruir, e o lado bom quer justamente pra destruir o lado mau. Krycek é traidor, sem escrúpulos, muda de lado conforme lhe convém.
(Ainda estou na 4º temporada, mas já sei quase tudo que acontece com Krycek, adoro spoilers)

Em Smallville, como qualquer um, tenho raiva do casal Clark-Lana. Eles nunca se decidem, e quando se decidem, ficam em crise. Por isso que o jovem Lex Luthor faz a alegria de quem é fã do seriado. Lex sempre foi um rapaz mal intencionado, traumatizado e manipulador. E pra ajudar, é milionário.

Existe mais um zilhão de exemplos; Mocinhos são chatos, enjoativos, politicamente corretos demais, e sempre acreditam na bondade das pessoas. Sei que muita gente concorda comigo, vilões e anti-heróis têm mais charme, são mais fascinantes e donos de uma auto-confiança que beira o absurdo.

Na vida real? Eu estou mais pra mocinha. Sou enjoativa e acredito demais na bondade das pessoas. Não sei dizer grandes mentiras, não sei blefar, nem criar planos malignos e minha compaixão com os outros é maior que amor-de-mãe.

Aliás, acho que é esse amor-de-mãe que faz com que Leonid, Lisa, Sal, Krycek e Lex morem no meu coração.

Para Deborah, que me pediu para falar sobre política


O sistema de cotas é um assunto que gera polêmica, e por maior que seja o número de pessoas contra, a insistência em implantá-lo é ainda maior. É considerado um sistema errôneo, por ser preconceituoso e economicamente negativo para o país: O custo é alto, precisa-se manter os alunos, e não só deixá-los entrar na universidade.

O nível das salas de aula cairá, e conseqüentemente o dos profissionais formados também, porque não foram selecionados pela sua capacidade, e sim etnia. Duas coisas que, definitivamente, não têm relação alguma. E, como todos nós sabemos, quanto melhores os seus profissionais, mais benefícios tem um país.

Em Santa Maria, a implantação do sistema de cotas na UFSM foi mal divulgada, abriu pouco espaço para qualquer manifestação contrária, e alega visar retratação com algumas minorias. Minorias? Os negros e pardos já passam de 50% da população do Brasil, portanto não formam uma minoria étnica.

O vestibular deve ser um processo de seleção por capacidade intelectual, e o atual sistema da UFSM é péssimo, selecionando por capacidade de decorar matérias. O que, logicamente, passa longe de ser um método inteligente de escolha dos que realmente têm condições de levar um curso adiante.

Se o governo quer realmente promover justiça, por que ele não melhora o sistema de ensino público desde as séries iniciais? Porque é uma mudança gradual, muito lenta. E, atirar vagas como quem atira esmola é muito mais fácil e rápido: é o objetivo de governantes corruptos querendo limpar sua imagem já denegrida.

Sejamos inteligentes: Abramos os olhos.
E que vença o melhor.


Samya costuma ser radical, odeia qualquer tipo de esquerdismo, e acha que lugar de comunista é em Cuba. Mas ainda assim é uma pessoa boa. Ou não.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Malaquias, Nostradamus... Felipe???



Oras, também quero brincar!

A Primeira profecia

Cruzará o céu o terceiro filho do Usurpador
E vestindo cinzas, invocará a fortaleza gelada
Que cuspirá, ao longo de um ciclo lunar,
A fúria de Mokai, o deus vermelho.

Agora honrem comigo o deus crocodilo... Para que ele tenho piedade das nossas humildes almas quando o fim estiver próximo. Com vocal gutural, louvem comigo:

Tua Ashemu. Tua Ashemu.
Rekhes Au Sebek. Rekhes Au Sebek.
Tua Ashemu. Tua Asheeeeeemmmmuuuuuuuuu!!!

(Sacrifice Unto Sebek - Nile)


(O crocodilo do Nilo era um dos poucos animais que tinha seres humanos como parte da sua dieta. Ele caçava gente! Que máximo né galera?)

O ANEL (parte 1/20)



Samanta era uma jovem de 23 anos, filha de pais cariocas, que tinha se mudado para São Paulo há dois anos, por ter se casado com Felipe, que tinha 25 anos e era um contador recém formado. Ele havia nascido em São Paulo e era um homem forte e decidido. Moravam perto do centro.

No verão do terceiro ano de casamento, foram às Bahamas, pois Felipe estava ganhando muito dinheiro e queria aproveitar os “anos dourados do matrimônio”, como seu pai havia ensinado. Lá, ele deu a Samanta um anel que havia comprado na praia de uma velha feiticeira. O anel era lindo! A base era de uma madeira quase preta, e tinha um brilhante azul-água incrustado, em forma de cobra. Era difícil acreditar que alguém realmente tivesse conseguido esculpir tal coisa, e mais ainda, que alguém tivesse tido dinheiro para comprá-lo.

Samanta adorou. Sempre usava o anel. O prezava mais que a própria aliança. Mudaram de casa e de posses, compraram melhores, mas Samanta sempre com o anel, afinal, era a prova do amor eterno de Felipe por ela, como ele bem havia dito.

Cinco anos depois de ter ganhado o anel, começaram a ter sérias dificuldades financeiras, porque nos anos em que havia ganhado dinheiro, Felipe gastou-o frivolamente, e agora, com a crise, ninguém se dispunha a gastar com serviços como os dele. Samanta se viu obrigada a trabalhar. Nunca o tinha feito porque era uma dedicada dona-de-casa, coisa que ela amava. Não tinham empregada por escolha própria, e ela se deliciava cuidando da casa e dos dois lindos filhos que havia tido. O mais velho tinha sete e o mais novo cinco. Não era um trabalho oficial, era mais algo como uma ajuda indireta. Todas as sextas feiras ia à casa de uma velha senhora e a ajudava nas suas costuras. Assim, tinha um lucro extra, mas podia continuar cuidando da casa.

Um dia, uma sexta à tarde, Samanta e a senhora estavam a costurar uma linda toalha de mesa para um aniversário, quando entrou uma mulher, aparentando uns 40 anos, com colares e jóias finas, na casa onde trabalhavam. Pedia com urgência uma saia branca. Não explicava o motivo, e exigia que a saia fosse entregue no dia. O pedido normalmente seria recusado, mas como a mulher ofereceu uma generosa quantia pelo trabalho, Samanta e a senhora começaram a fazê-la. Terminariam rapidamente, se não fosse pelas camadas e camadas exigidas. Tinham que copiar o modelo que a mulher havia trazido. Ela não explicava por que queria a saia, que parecia ser de casamento, mas estava tão nervosa, que devia ser para algo importante.

Quando finalmente terminaram, já era noite, mas a saia havia ficado maravilhosa. Exausta, Samanta se despediu da senhora, que lhe deu uma porcentagem do que havia ganhado da mulher. A moça não morava longe, a apenas algumas quadras. Quando estava quase na esquina de sua casa, foi abordada por um estranho sujeito, que lhe pedia ajuda. Bondosa como era, estendeu-lhe a mão, mas quando o fez, o homem empurrou-a contra a parede e apontou-lhe uma arma. Dinheiro, dinheiro! Dizia impaciente. Samanta, nervosamente pegou a quantia que havia acabado de receber. No que o fez, oladrão viu o anel em sua mão, e exigiu que ela lhe desse o tal.

Samanta hesitou, e pediu para ficar com o anel, que levasse todo o dinheiro! Não se importava com isso. Nesses momentos de discussão, o ladrão, que claramente não era profissional, impacientou-se e atirou. Samanta caiu no chão e ele fugiu, levando o dinheiro e o anel.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Meio mês



Pois é, faz 15 dias que o blog está no ar, e o que fizemos de produtivo?
O que fizemos em prol da natureza nesta longa caminhada até o presente dia?
Ajudamos a controlar o aquecimento global?
Quantas baleias jubarte a gente já salvou?

Gente, vamos abrir os olhos! Temos que fazer alguma coisa de bom aqui!
O que postamos? Historinhas típicas de classe média – média/baixa que não trazem nada de produtivo pra sociedade! Confissõezinhas cheias de glamourzinho ou nonsensezinhas que não conseguem sair do lugar-comum, que não chocam!

Meu deus, como a gente é medíocre! Adoro isso!
Beijos.

MISS FASHIONISTA VIP.



Acho engraçado como um convite pode mudar tanto as pessoas. No Fashion Rio se você tem um convite pra assistir um desfile você passa de um Zé Ninguém para Miss Fashionista VIP. E o pré requisito pra ser uma Miss Fashionista VIP você tem que ser mau educada e não pode respeitar ninguém que não tenha um convite. De preferência nem se comunicar com esses pobres mortais.
Minha mãe sempre me ensinou a pedir "por favor" e falar "obrigada" quando era criança, essas duas expressões, de tanto que ela me forçava a falar, viraram parte do meu cotidiano, e hoje eu falo mesmo de coração. Mas Miss Fashionista VIP que se prese não tem conceitos de educação e boas maneiras, e na maioria das vezes nem tem moral pra fazer carão.
Enquanto estava na fila do desfile da Luiza Bonadiman (que demorou 2 horas esperando as pessoas com convite chegarem pra começar, e eu não consegui assistir) cansei de ver gente entrando pro desfile passando por cima da menina que ficava checando os convites... Ai ela falava:
Moça da porta - Com licença, posso ver seu convite?
V.I.P. - Eu tenho convite!
Moça da porta - Sim, mas tenho que ver o número dele pra ver se já foi liberada a entrada.
V.I.P. - Toma! (entregando o convite)
Moça da porta - Ah senhora! Seu convite é sem número, sua fila é aquela do canto.
V.I.P. - FILA??? Mas eu tenho convite!
Moça da porta - Sim, eu sei, mas o seu convite não tem número, e os ingressos sem número não foram liberados pra entrar ainda.
V.I.P. - E é essa fila enorme? (olhando pras pessoas com cara de nojo)
Moça da porta - Sim.
- V.I.P. sai batendo o pé em direção ao final da fila.

Parece que um simples convite te transforma na pessoa mais importante do mundo!

Não estou comentando isso de mágoa por não ter conseguido entrar no desfile não. Meu convite só dava direito à área de convivência e ao fashion bussiness, e mesmo assim, várias pessoas com o convite como o meu também se achavam importantes, vestiam as suas melhores roupas e iam fazer carão na praça de alimentação improvisada montada na Marina da Glória, onde um simples pão de queijo custava 3 reais, imagina uma taça de champagne?!
Como minha colega de classe disse: "Não sei porque tanto frizzon sobre o fashion rio, por favor gente! Nós vamos pro fashion rio duas vezes por ano o resto de nossas vidas! Não precisa ficar tão deslumbrado!"
Concordo! Até porque, o que importa mesmo é que a Gisele arrasou desfilando na Colcci, e que a Carolina Dickmen apareceu com barrigão de fora mostrando estar cada vez mais grávida. Quem ouviu a mídia divulgar alguma coisa de tendência ou fazer alguma critica construtiva sobre as produções e as roupas?
O que eu ouvi na mídia foi isso. Gisele arrasa denovo! E as pobres modelos quase caíram naquela passarela de telhado!
Pra que passar frio na Marina da Glória se depois é só comprar a Caras e ficar por dentro das fofocas, ops, tendências?! É isso que é importante mesmo!

domingo, 17 de junho de 2007

O dia em que eu 'fiquei atoladinha'


Eu deveria falar sobre uma viagem aqui, mas a viagem em si não tem nada de interessante. O legal foi a volta. A Argentina nunca teve muita graça, as pessoas são chatas, quadradas, e a toda hora tu acha¹ que elas vão engolir a língua, pelo jeito que falam. Bom, meu pai é fazendeiro, e recebeu uma proposta de venda relativamente boa, e aproveitou que era longe para dar uma passeadinha. A fazenda era legal, tinha um açude gigantesco, com eucaliptos numa das margens, o que tornava a vista muito linda. Mas as cercas eram bem diferentes do que o meu pai esperava.

Resolvemos conhecer as divisas com as fazendas vizinhas, até pra ver como eram as outras cercas (não entendo, deve ser uma encucação-de-pai.). Maldita hora! O capataz estava na caminhonete conosco, guiando meu pai. Só que o desgraçado não avisou sobre a existência de um banhado logo à frente, e, o que é bastante óbvio, a caminhonete atolou. Tração nas 4? Naquela hora só servia de enfeite. Não tínhamos pá, nem nada que pudesse ajudar, exceto um capataz infeliz que teve de caminhar mais ou menos 50min até a sede, pra buscar ajuda.

Depois de mais ou menos uma hora e meia de espera, ele volta num trator em péssimo estado de conservação, o que, segundo meu pai, só ratificava a idéia de que o dono da fazenda não era organizado – o que deu pra perceber pelas cercas. Estaria tudo bem, se o capataz tivesse pelo menos 1/3 de cérebro do que se esperava que ele tivesse. Mas ao invés de trazer uma corrente, um gancho para atar no trator, o ANIMAL trouxe uma corda. CORDA!! Se a tração 4x4 não tirou a caminhonete dali, no que uma maldita corda ia ajudar? Claro que a gente pelo menos tentou, mas como era de se esperar, a corda rebentou.

Ele voltou à sede, e dessa vez esperávamos que ele tivesse bom senso, e buscasse algo mais resistente. Mais de duas horas e meia depois, num frio do caralho, no meio da porra do nada, com muito barro, já tinha começado a escurecer há horas, e nenhum celular tinha sinal, já estávamos, obviamente, com medo. PÂNICO, pra ser sincera. Até que enfim, o cara apareceu, com um rapaz da fazenda vizinha. Só que, só pra deixar a coisa um pouco mais assustadora, as merdas das luzes do trator (que era UM CACO) queimaram, sabe-se lá como! PUF, queimaram. Isso, lógico, antes deles chegarem até nós (guiados por, adivinhe? Uma LANTERNA). Agora imagine a cena:

*no meio do nada – NADA mesmo;
*frio, muito frio, vento assoviava;
*totalmente escuro;
*ouvindo barulho de máquina, procurando as luzes dessa tal máquina (que nós esperávamos que fosse o trator) e NÃO ACHANDO as luzes!!

Dá pra imaginar que a gente já tava rezando até pra nossa senhora do jarro-de-barro², né? Foi horrível. Eu não sei descrever o pânico. Tudo passava pela nossa cabeça: seqüestro, conspiração (?), vingança (?), E.T.s, o lado negro da força, e por aí vai.

Eu fiquei toda “puta que pariu³, hein, esse cara tem que ir pro meio do inferno, credo, vai ser inútil assim na “fazenda do caralho”...” E meu pai já veio todo pacífico: “ah Samya, não fala assim, o cara é um pobre-bicho que só tem o ensino fundamental, criado pra fora³¹, com os pés no barro...”

Agora, faça-me o favor: Se o cara não morasse lá, se ele não tivesse o mínimo de noção do que se faz numa fazenda, em determinadas situações, tudo bem! Eu ficaria até conformada, perdoaria. Mas poxa, o cara MORA NO CAMPO! Ele tem que ter, no mínimo, consciência de medidas básicas e de precaução que se deve tomar. E claro, sem contar que ele deveria conhecer o lugar que ele recebe dinheiro para cuidar.

Ah gente, pára. Nessas situações é brabo o negócio: O cara é um coitado, ta certo. A gente até dá um desconto por isso. Mas... Se eu tivesse pedido pra ele resolver indeterminações tipo “zero elevado a zero”³²..., mas bah tchê³³, ele devia saber que pra tirar uma caminhonete atolada se usa algo resistente, porque NUNCA uma cordinha vai puxar uma tonelada-e-lá-se-vai-pedrada³³¹.

Fiquei de cara. Mas cheguei sã e salva em casa. Claro que cheia de barro nos tênis, mas ‘glad to be home’

¹ “tu acha” – concordância zero. Gaúcho fala assim, além de que, pra
nós, plural é só acima de doze. Até onze é “dez pão”, “três casa” e etc.
² isso não existe (eu acho), não é regionalismo... é coisa-de-samya mesmo.
³ aqui a gente usa muito palavrão. MUITO. Principalmente quando o assunto é algo bem “fazenda” mesmo.
³¹ “ir pra fora” é “ir pra fazenda”. Aqui “pra fora” é “no campo”.
³² é UM, por convenção.
³³ “mas bah tchê” – não tem explicação. É “mas bah tchê” e ponto final.
³³¹ quando o número é alto, e/ou impreciso, é “X-e-lá-se-vai-pedrada”, não me perguntem o porquê.