quinta-feira, 8 de novembro de 2007

ENTREVISTA COM MARTHA ARGEL

Um dia, passeando pelos corredores de uma papelaria descobri um livro de capa negra, pequenino, chamado O Livro dos Contos Enfeitiçados.
Foi um golpe de vista tão bem dado que acabei levando o livrinho pra casa, incucada com o seu conteúdo. Como era uma tarde chuvosa e eu teria bolinhos de chuva para o jantar, aquela leitura caía como uma luva. Não é uma coincidência?
Como pude comprovar, após alguns bolinhos nervosamente devorados, os contos enfeitiçados eram deliciosos, intrigantes, assustadores!
Várias chuvas, sóis, noites e dias se passaram e - não é uma coincidência? - acabei topando novamente com a autora daquele livrinho e descobri que ela é tão intrigante quanto os seus contos.
Confiram a nossa entrevista com Matha Argel!



Saraûaîa - É possível existir, em um país com uma diversidade cultural tão grande como o Brasil, uma mitologia própria forte e consistente?

MARTHA - Não tenho nenhuma formação humanística, e sou leiga total no assunto, mas acho que existem no Brasil não apenas uma, mas múltiplas mitologias próprias, autênticas e palpáveis, justamente por conta da diversidade das nossas raízes. Me parece, porém, que elas não são valorizadas como mereceriam. Falta informação sobre e elas e acho que falta aproximar nossos seres fantásticos, nossas lendas e tradições, do grande público.


Saraûaîa - Você acredita em resgate cultural? Se tal resgate acontecesse com êxito no Brasil, isso poderia contribuir com conteúdo para produções literárias? (Você acha isso necessário?).

MARTHA - Como já disse, não tenho formação em ciências humanas. Assim, como leiga, tenho imensa dificuldade em encontrar boas fontes de pesquisa sobre folclore – quase tudo o que encontro parece cópia de Câmara Cascudo e Monteiro Lobato. Fica difícil usar nosso folclore como matéria-prima tendo acesso apenas a material de segunda mão.
Minha solução é manter meu próprio arquivo de lendas e mitos, com material recolhido em entrevistas com moradores locais, durante minhas viagens como bióloga. Já reuni muita coisa que nunca vi em livros, e isso me deixa desconcertada – não há pessoas que trabalham profissionalmente com o registro da cultura popular (no sentido estrito da expressão)? A falta de informação deve atrapalhar muito outros escritores interessados pelo assunto, que não podem recolher seu próprio material in loco.


Dani Chinaski - Como uma doutora em Ecologia e especialista em aves brasileiras foi se tornar também escritora de literatura fantástica? Como surgiu o interesse e a decisão em ser autora de contos fantásticos?

MARTHA - Desde criança eu escrevia e sabia que seria zoóloga. Não sei se foi “uma decisão” virar escritora. Sempre escrevi para mim, porque tinha vontade e gostava. Escrevia crônicas, histórias engraçadas e aventuras. Com uns quinze anos escrevi até um livro, com perseguições, seqüestros e espiões internacionais. Enquanto cursava a graduação em Ciências Biológicas criei um mundo povoado com espécies fictícias, que eu “construía” usando o que aprendia nas aulas de anatomia, fisiologia e ecologia. Quando estava na pós-graduação, com alguns colegas criamos uma revista, a Forneria, com artigos científicos de gozação. Só saíram dois números, mas a gente se divertiu muito.
Nesse tempo todo, escrevi um ou outro conto de ficção científica, e um deles até saiu publicado, mas a verdade é que não tinha nenhum plano de “virar” escritora. As únicas publicações que levava a sério eram artigos científicos.
Mas então aconteceu algo curioso. Eu estava na reta final do doutorado, farta da vida acadêmica e de quase 20 anos de universidade. Acordei de madrugada e sentei-me na frente do computador, desesperada com a tese que não terminava nunca, mas em vez de trabalhar nela me veio na cabeça uma história de horror, justamente sobre um pós-graduando que está por terminar sua tese e acaba sendo atacado por uma criatura horrenda no meio da noite. Escrevi o conto inteiro na mesma noite (embora tenha passado depois oito meses consertando-o), e daí em diante não parei mais.
Mas ainda assim eu não cogitava publicar nada do que estava escrevendo. Uns dois anos depois, uma amiga me colocou em contato com uma editora virtual. Mandei um conto e a resposta foi um convite para publicar um e-book, que naquela época era novidade. Foi a primeira vez que me chamaram de escritora! Achei esquisitíssimo, aceitei, e foi assim que me vi autora de literatura fantástica. Meu primeiro livro acabou saindo antes que eu defendesse o doutorado.
Para mim, a ciência e a literatura fantástica têm muita coisa em comum. Tanto uma teoria científica quanto uma história partem de uma especulação – você pega algum fato bem corriqueiro e analisa de uma forma totalmente inesperada, perguntando-se e se isto fosse diferente? Essa pergunta e se...? é o ponto de partida tanto para a hipótese científica quanto para a criação fantástica.


Dani Chinaski - Você e a escritora Giulia Moon são responsáveis pela FicZine (Pra quem não sabe ou conhece, é um fanzine dedicado à Literatura Fantástica). Como surgiu a idéia de fazer esse trabalho e como conseguiram viabilizar o projeto?

MARTHA - A idéia nasceu quase como uma brincadeira. Estávamos com vontade de escrever alguma fanfic (ficção de fã) sobre um seriado de tevê que ambas adoramos, Highlander. Então pensamos em fazer um zine. Convidamos um amigo, escrevemos, diagramamos, batizamos de Número Zero, imprimimos e fizemos cópias xerox, que levamos para um evento. O pessoal gostou da idéia, e os elogios à qualidade do material nos incentivaram a aprimorar o material. Deixamos de lado as fanfics e a cada número sai um conto de cada uma de nós, mais um terceiro de algum escritor convidado. Sempre que possível, convidamos algum artista para fazer a capa. Por exemplo, o quadrinhista Emir Ribeiro e meu irmão Billy Argel, que é artista plástico, já apareceram na capa do zine. A Giulia trabalha em publicidade, de forma que a diagramação sempre foi de nível profissional. A partir do número 1, passamos a imprimir em gráfica, o que deu uma cara muito bacana à publicação. Não é por ser artesanal que um zine precisa ser tosco!
E, claro, o que torna possível levar adiante o projeto é a colaboração de todos os amigos que enriquecem o conteúdo com seus textos e sua arte, e ajudam na diagramação, na revisão, na ilustração, na divulgação e em todas as tarefas de bastidores.


Dani Chinaski - Quais são os maiores desafios que vocês enfrentam para manter esse projeto vivo? E como os nossos leitores podem ter acesso ao FICZINE?

MARTHA - Nós não abrimos mão da qualidade total do FicZine, e assim a produção de cada edição é bem demorada. O maior desafio, sem dúvida, é a falta de tempo. A idéia original era lançar dois números por ano, mas tanto a Giu quanto eu andamos tão atarefadas que mal conseguimos lançar um.
As edições podem ser baixados, em formato pdf, tanto no site da Giulia (www.giuliamoon.com.br) quanto no meu (www.marthaargel.com.br).






Matheus - Os mitos foram criados como uma forma para explicar o desconhecido pelos nossos ancestrais. Queria saber da autora qual é o espaço da literatura fantástica atualmente com o desenvolvimento da ciência e crescente ceticismo da população.

MARTHA - Muito pelo contrário, a população não pratica o ceticismo; os céticos questionam o que têm diante dos olhos, e o que se vê entre a população, independente de seu nível sócio-econômico ou cultural, é a aceitação de tudo sem questionamento, com credulidade e passividade assombrosas. Ou seja, o oposto do ceticismo.
É a ausência da cultura científica que gera essa credulidade. Sem qualquer noção quanto às leis que regem a natureza, as pessoas se tornam propensas a acreditar que o mágico, o sobrenatural e o milagroso são perfeitamente possíveis e normais.
Falta ciência em todos os níveis em nossa população. Em teoria, qualquer instrumento seria válido para aplicar a educação científica. Eu particularmente uso a literatura fantástica como uma forma de expressar meu sólido pensamento científico, mas para ser sincera esse é apenas um “efeito colateral” da arte que produzo; não creio que seja a forma mais eficiente de fazê-lo.
Ciência se desenvolve com professores mais capacitados, mais valorizados e melhor formados, e com uma grande dose de atenção e tempo investidos na formação de cada aluno.
A maioria dos escritores de literatura fantástica que conheço não tem formação científica suficiente para embutir ciência em seus textos. Assim, é melhor que nem tentem. Produzam arte para entreter as pessoas e enriquecer suas vidas. A arte em si é uma finalidade perfeitamente legítima para um escritor.
Enquanto isso, vamos tentando melhorar a ciência neste país por meio da luta por um ensino decente.


Regis - Na sua opinião, se o público conhecesse os morcegos e seu sistema de vida, seus hábitos, isso poderia desgastar um pouco o fascínio que esse animal traz à Literatura fantástica?

MARTHA - Acho que não. Primeiro que não necessariamente a ficção deve ater-se aos fatos. Ficção é arte, e o artista tem a liberdade de recriar o universo como bem entender (se o leitor vai gostar ou aprovar, são outros quinhentos).
Além disso, a biologia das diferentes espécies de morcegos é tão variada, tão interessante, que poderia ser bem o contrário: a ficção poderia ser enriquecida com detalhes da derivados da zoologia. Eu curto muito descobrir que um determinado autor tem um conhecimento profundo sobre algum tema, e o utiliza em seu texto. Autores que fazem isso, sem parecerem arrogantes ou pernósticos, crescem em meu conceito.


Dani Chinaski - A figura do morcego, marcado por ícones da literatura e cinema, como Drácula e Batman, acabou lhe conferindo uma aura de mistério. Em sua opinião, existe alguma ave brasileira que tenha o poder potencial de, um dia, se tornar tão instigante quanto o morcego que simboliza personagens tão marcantes?

MARTHA - O mistério evocado pela figura do morcego é muitíssimo anterior à cultura de massa. Diversas civilizações atribuem papéis sobrenaturais ou divinos aos morcegos, há milhares de anos, no mundo todo, em função de sua existência noturna e por sua perturbadora aparência de “rato voador”.
A urbanização cada vez mais marcada da população mundial tirou muito da força que os elementos naturais tinham como ícones. Hoje em dia, é muito mais provável que os símbolos nasçam dentro de um contexto estrito da cultura humana do que a partir da natureza.
Não vejo, infelizmente, como aves ou outros animais podem competir no imaginário popular com elementos tipicamente urbanos. É com eles que a esmagadora maioria das pessoas convive todos os dias, e não com as paisagens e organismos que compõem nossos ambientes naturais. Eu até estou convencida que uma parte das pessoas, em especial aquelas que já nasceram na era do computador, sequer enxerga o mundo que há para além das relações humanas. O resultado de tudo isso? A apatia ampla geral e irrestrita frente à destruição de nosso patrimônio natural. E acredite: a coisa já não tem mais volta.

Queria agradecer a todo o pessoal do QueLegal Zine pelo interesse por meu trabalho e por ter me convidado pra este bate-bola.
Valeu, gente, continuem pensando, questionando e agitando, que atitude é uma coisa que hoje em dia está em falta. Adorei vocês!
E aí vão meus links:

Página: www.marthaargel.com.br
Lista de distribuição de notícias: http://br.groups.yahoo.com/group/MarthaArgel/?yguid=231285329
Multiply http://marthaargel.multiply.com
Orkut: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=7459065148637037508
Blog: http://vampirapaulistana.blogspot.com

beijos
Martha Argel

FIM.


Agradecemos imensamente a presença da autora Martha Argel na nossa QUELEGAL Zine!
Esperamos que vocês tenham gostado e curtam o trabalho dessa autora fantástica!

Dani. Chinaski

5 Filmes em Preto e Branco essenciais:

1 – Crepúsculo dos Deuses (1950, Dir: Billy Wilder)


Confesso que tinha um “irc”, acompanhado de bocejos, quando o assunto se tratava de filmes antigos e foi Crepúsculo dos Deuses o responsável de não só acabar com esse preconceito meu, como me instigar a procurar mais pérolas entre os considerados clássicos do cinema. Uma característica que os (bons) filmes mais datados possuem é a de se apoiar com força em um roteiro bem estruturado e atuações marcantes, não dependendo de efeitos digitais de ultima geração ou atores que só figuram na tela por venderem mais notícias aos tablóides. E este filme exemplifica tudo isso com louvor, a trama do roteirista que se envolve com uma decadente atriz do cinema mudo com o objetivo de deslanchar sua carreira, mas que acaba se vendo aprisionado no ego de uma diva surtada é muito bem engenhado e cada cena tem importância no desenvolvimento da trama, não ficando nada solto para trás. A atuação de Gloria Swanson é espetacular, e a atriz, que possui algumas características em comum com a própria personagem, rouba cada cena em que aparece, criando situações que variam do deslumbre a pena, criando uma Norma Desmond cheia de si e sem nenhuma noção da realidade que a cerca. O jogo de interesses e a sensação de desastre iminente acompanham o filme inteiro e faz de Crepúsculo dos Deuses um retrato do mundo do cinema que permanece relevante até os dias de hoje.

2 – A Malvada (1950, Dir: Joseph L. Mankiewicz)



A Malvada possui várias semelhanças com Crepúsculo dos Deuses, também se passa no mundo das estrelas, são do mesmo ano, levou o Oscar a que o outro estava concorrendo e possui uma outra atriz foda: Bette Davis. Mas ao contrário do filme anterior em que os personagens se perdem dentro de suas ilusões, os personagens deste filme estão muito cientes do que desejam e dispostos a tudo para alcançarem seus objetivos. A Malvada do título pode-se referir tanto a Eve, aspirante a atriz que se infiltra entre os poderosos da área para alcançar o estrelato como para Margo Channing, atriz veterana e admirada que trata a todos com completo desdém, sem se importar se está sendo grossa ou ferindo os sentimentos dos outros. Eu, particularmente, tenho uma fraqueza por personagens fortes e venenosas, e Bette Davis está incorporando tudo que eu mais gosto: ela pisa, cospe nos outros, destila veneno, toma seu dry-martini e sua redenção vem com o auto-conhecimento e não com uma mudança patética para uma versão mais boazinha e chatinha. Isso mesmo Bette Davis, continue humilhando todos os seres inferiores a sua volta que é o que você faz de melhor, e nós adoramos

3 – Manhattan (1979, Dir: Woody Allen)



Deixamos o mundo das estrelas para trás e vamos nos focar em nós: meros mortais. Woody Allen nesse filme trata dos relacionamentos nos tempos modernos, e mesmo com quase 30 anos continua completamente atual. Mostra pessoas que se cruzam e se perdem dentro das inúmeras opções que encontramos na grande cidade. Nós achamos alguém que nos faz bem, mas permanecemos com a dúvida de que se não existe alguém melhor solto por aí, alguém que não possua certos defeitos que nos irritam, mas que com certeza trará outros inúmeros obstáculos para atrapalhar a relação. Aliás, os obstáculos são os que mais aparecem no filme: incompatibilidade de idade, de opção sexual, de gosto cultural, paixões por namoradas de amigos, brigas com ex-namoradas. Afinal o namoro atualmente tem a função apenas de suprir nossos desejos afetivos e sexuais ou deve se aprofundar mais para uma compatibilidade entre almas, que pode ser alcançada com uma amizade, por exemplo? Essa é uma dúvida que Woody levanta, mas não responde, pois assim como nós ele não faz idéia da resposta (vamos combinar né gente? Quem acompanha sua vida pessoal sabe bem disso).O melhor é ir tentando até ficarmos em paz com nossos e seres amados e torcer para que nossos desejos não nos traia novamente.

4 – Asas do Desejo (1987, Dir: Win Wenders)



O preto e branco marca uma presença muito mais imortante neste filme: separa o mundo contemplativo e ideológico dos anjos com o mundo colorido e cheio de emoções e desejos dos mortais. É um filme puramente poético, daqueles que não se deve assistir apenas para entretê-lo durante 2 horas, e sim para pensar, vivenciar, tirar lição e admirar. É um filme com poucos diálogos e muitas idéias, os anjos circulam pelos humanos e vão trocando os pensamentos que escutam como quem troca as estações de rádio. A questão básica do filme, que é trocar a eternidade do mundo espiritual por uma existência mais curta e intensa abre margem para outros inúmeros questionamentos existências que não serão repetidos a exaustão, e cabe ao expectador abraça-los ao não. Fotografias e locações belíssimas completam o pacote para tornar esse filme uma experiência inesquecível tanto visualmente quanto intelectualmente.

5 – A Lista de Schindler (1993, Dir: Steven Spielberg)


O diretor-símbolo do cinema pipoca de grandes bilheterias e efeitos especiais fez desse trabalho sua obra mais intimista e sentimental. Aqui o objetivo não é te transportar para um mundo mágico e te fazer sonhar com todas as maravilhas que aparecem na tela. Esse filme quer te ferir, te fazer sangrar e eliminar suas esperanças de que vivemos em um planeta que possa chegar à perfeição. O tema da 2ª Guerra Mundial já foi abordado à exaustão em outros filmes, no colégio, livros, documentários da TV... Mas se sobrou alguma curiosidade com o tema e se você ainda não o viu, assista a esse filme sem receios. O diretor utiliza o preto e branco para poder utilizar de cenas da época, o que ajuda ainda mais a demolir a aura de obra ficcional do espetáculo. Todos sofrem, todos choram e se você não se comover em nenhuma cena durante o filme inteiro ligue já para um psiquiatra, pois algo não vai bem com suas sinapses nervosas. As atuações são contidas e passam longe do melodrama, em especial Ralph Fiennes encarna o perfeito “filho da puta”, daqueles que você tem vontade de cair na pancada se encontrar na rua. E não deixe de notar a única cena colorida do filme, de rasgar o coração

domingo, 4 de novembro de 2007

Outlines





O importante é que eu diga escreva o que a voizinha na minha cabeça diz (o nome dela é Morgs, mas eu tenho meu alter-ego que é a Samanta, ela fora descoberta por uma professora).

Eu não paro de pensar. Óbvio, não? Mas eu não penso no que eu vou comer no almoço ou como vai ser o bofe lindo da minha vida, eu penso. Em casos até filosofo. Mas no fim eu sempre esqueço do que se passou pela minha cabeça, penso tanto que todo mundo acha que eu sonho acordada, estou apaixonada ou com algum problema. Seria problema pensar tanto?

Sabe, hoje voltando de Salvador no carro apareceu a incrível idéia/desculpa de que a minha memória é confusa. As minhas lembranças são como filme, sempre vistas de um ponto inexistente, já que quando se vê um filme os atores (as pessoas das minhas lembranças) não olham pra câmera, e dificilmente o filme se passa através dos olhos do protagonista (eu). Quem sabe a minha mente sempre fértil impediu que a minha memória sobre os fatos reais trabalhasse.

Como isso foi possível eu não sei, pode até ser que na minha visão o real é chato, maçante e repetitivo. Pode ser que uma vida fantasiosa é mais divertida e menos problemática. Seja o que for, eu tento contornar a situação com o material, fotografias se tornam a minha memória, mesmo que de um ângulo mais favorável para mim.



PS.: Sem querer o texto falou sobre fotografia, assunto repetitivo meu. Mas foi sem intenção, juro.