sábado, 1 de setembro de 2007

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Para Akemi



Amizade estelar

Nós éramos amigos e nos tornámos estranhos um para o outro. Mas está bem que seja assim, e não vamos nos ocultar e obscurecer isto, como se fosse motivo de vergonha. Somos dois barcos que possuem, cada qual, seu objetivo e seu caminho; podemos nos cruzar e celebrar juntos uma festa, como já fizemos e os bons navios ficaram placidamente no mesmo porto e sob o mesmo sol, parecendo haver chegado o seu destino e ter um só destino. Mas então a toda poderosa força de nossa missão nos afastou novamente, em direção a mares e quadrantes diversos e talvez nunca mais nos vejamos de novo ou talvez nos vejamos, sim, mas sem nos reconhecermos: os diferentes mares e sóis nos modificaram! Que tenhamos de nos tornar estranhos um para o outro é lei acima de nós: justamente por isso devemos nos tornar também mais veneráveis um para o outro! Justamente por isso deve-se tornar mais sagrado o pensamento de nossa antiga amizade! Existe provavelmente uma enorme curva invisível, uma órbita estelar em que nossas tão diversas trilhas e metas estejam incluídas como pequenos trajetos elevemo-nos a esse pensamento! Mas nossa vida é muito breve e nossa vista muito fraca, para podermos ser mais que amigos no sentido dessa elevada possibilidade.- E assim vamos crer em nossa amizade estelar, ainda que tenhamos que ser inimigos na Terra.

Nietzsche

Porque o tempo passou e com ele também passaram amizades preciosas e presentes porém essas nunca deixarão de serem eternas e nem de serem queridas.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

A infância acabou.





A infância acabou.
Mataram-na. Ou estão matando-a pouco a pouco.
Dia após dia eu vejo pais e mães sendo cruéis e ignorantes o suficientes para encherem suas filhas de salto alto, saia curta, batom vermelho , e levá-las prum dia de beleza no salão em seus aniversários de 4 anos de idade. Achando "bonitinho" a filha ralando o Tchan.
Dia após dia vejo mães intragáveis instigando seus filhos de 8 anos , que ainda estão na fase AIQUENOJOQUEEUTENHODEMENINA a beijarem, a ficarem, a abraçarem , a imitarem o que o personagem da novela está fazendo. Inocentes e desinformados que são, acham que o que a mãe diz é certo, e acabam fazendo não por vontade adquirida pelo próprio crescimento, e sim porque é aquele pensamento do "mamãe me disse assim".

Porque graças a Deus que eu já fui criança. Ainda bem que na minha época ser criança não era ter celular , alienar os ouvidos num mp3 alucinante ou ficar criando perfil no Orkut. Não que essas coisas todas sejam ruins. Mas elas têm idade para isso.

E na minha época (e nem faz tempo tempo assim, huh?) a idade da infância era a idade de brincar, pura e simplesmente. E todas aquelas brincadeiras eram realmente um mundo mágico, uma alegria em cores pastéis. Você ia pra escola, e não havia obrigação nenhuma , o mundo era só você, seus amiguinhos e sua família. Você ia pra escola e tinha nojinho do sexo oposto, e se rolava uma paquerinha, era aquele bilhete que você fez pro menino e que um dia na feira de Ciências da sua escola a mãe do menino chegou na sua mãe e disse "meu filho guardou o bilhete dela até hoje". E isso era tão... ! E sua preocupação era apenas saber , quando você fosse pro parquinho, se o balanço ia estar vazio - se você ia poder comandar o gira-gira, se você seria a Princesa Ariel. Quando você chegava em casa era só tomar banho e ver aqueles desenhos todos - desenhos que me instigam até hoje, se eu pensar na profundidade que era um "Animais no Bosque dos Vinténs". Aquelas raposas eram todas muito sérias para mim. Elas sempre tiveram , na minha mente, um mistério filosófico sobre o que é na verdade a infância. As raposas eram o enigma. Era como se aquele mundo infantil, aquele mundo despretensioso e mágico, discretamente guardasse a resposta da verdadeira felicidade, aquela verdadeira felicidade que a gente vivia quando era pequeno e que agora esquecemos muitas vezes que ela existe, nesse estresse em que estamos inseridos.
Todos esses desenhos, um Peter Pan jogando pó sobre a cabeça das crianças, um fantoche colorido, um balanço, os lápis de cor , aquele boneco quebrado - são pequenos mistérios sagrados. Parecem de alguma forma, em seus olhares parados de brinquedo, guardar dentro deles um segredo: o segredo de ser feliz.

Porque na verdade eu sempre achei que toda felicidade tinha um pouco de criança. Tomar sorvete, ver televisão, dançar, brincar com o amigo, abraçar, sonhar, beijar, fazer tranças e puxar cabelo. Viajar pra Peruíbe ouvindo "Success" do Iggy Pop e vendo a borda do mar ao longe , sentir o vento no rosto e acreditar. E rir. Rir muito! Rir! Fazer pose. FANTASIAR.




Pensando bem, toda felicidade tem um tudo de criança.

uma nova experiência de steven soderbergh.


três pessoas que trabalham numa fábrica de bonecas passam e perdem os dias entre seus lares decadentes e lábios de borracha.


tem que ter cuidado em recomendar bubble.
não é um filme que agrade qualquer um. é um filme parado, se parece demais com a realidade e os poucos diálogos que possui, são pueris.
eu porém, tenho alguma paixão por elementos banais, por personagens monossilábicos e expressivos.
como kyle, o belo e entediado kyle, o rapaz de vinte e pouco anos que vê a vida passar na sua frente divido entre os dois empregos banais e sua amizade cotidiana com martha.
martha e os olhos azuis, cuja a rotina suga suas expectativas, e vai sobrevivendo trabalhando, dando carona a kyle e cuidando do pai doente.
martha e kyle pareciam estagnados (estariam?) até a chegada de rose, a mãe solteira e falante, que expressa desprezo com a pouca experiência de vida, e ao longo do filme se mostra interesseira e aproveitadora.
e o silêncio que faria muitos se contorcerem na cadeira, me faz prender a respiração e quase sentir as investidas de rose, a inveja de martha e a apatia de kyle.


bubble tem uma história simples e previsível.
talvez por isso eu não deva falar muito sobre ele ou os personagens.
apenas assista, mas não espere mudar sua vida.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

PAUSA DRAMÁTICA