segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pássaro Dourado

há um mês, parti em mais uma aventura
ouvindo, do inferno, o poeta
bater firme em seu teclado
perfumando os dias com boemia,
e toda sorte de histórias mal contadas

foi assim que finalmente chegamos
eu e os piratas, à cidade grande
saboreando o cinza, do céu ao chão,
a cada nova curva, rostos cansados,
sussurros, indiferença, beleza
e chuva cortante feito aço...

ouvimos os sábios, cantamos com os ciganos
desbravamos terras, saqueamos tesouros
ofendemos, rimos e choramos
eu e a trupe reunida
sob a balada de uma velha japonesa

até que uma noite, uma noite infernal
costurada com estrelas e linho,
o vi pousar na minha frente
feito um grande pássaro dourado,
livre e ligeiro como o vento de novembro
sem dizer palavra, sem fazer gesto
pousou e deixou-se ficar, manso
até que eu me aproximasse

e ao lhe perguntar o nome,
ele sorriu através dos seus olhos
e me disse que era um homem de paz
e que seus amigos lhe chamavam de messias

e seus cabelos tecidos com fios de sol
escorriam sorriso abaixo
e seus olhos foram o oceano de águas claras
em que eu mergulhei e acabei me afogando

logo eu, pirata do velho mundo
açoitada com toda sorte de desventuras
logo eu, me peguei sonhando de novo.


Danielle Chinaski

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