Stella tem olhos vivos, destes que vêem o mundo.
Os meus são apenas orelhas, que escutam Stella.
Os dedos delgados por hora gesticulam, como se as dez pontas prolongadas do corpo contassem a mesma história, e contam.
Neles ainda se percebe o brilho de gordura deixada na ponta pelo frango-a-passarinho, e dos alhos torrados catados com real destreza pelas unhas coloridas.
Enquanto que, na boca, Marx escreve o capital.
A boca colorida e brilhosa se abre e fecha, tem um ritmo conexo, musical, que lembra o carnaval; o pecado; a maçã, e por fim a serpente, voltando ao pecado.
E assim vai...
Enquanto o chope esquenta, aprecio o concerto da boca de Stella, o balé de seus dedos, e, claro, Marx no meio de tudo isso.
Stella fuma.
Stella faz Marx parecer tão simples!
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