segunda-feira, 11 de junho de 2007

I can’t get (no?) satisfaction.



Eu tenho cortinas novas.

E eu pulo, abraço, e aliso minhas cortinas novas dizendo “eu te amo, cortina”, eu fico parada as olhando na minha sala, com os olhos marejados de felicidade. É esta a realização da pessoa aqui em questão.
Isto pode significar nada pra vocês, que provavelmente moram com os pais. Mas perguntem pra suas mamães o que elas sentiram quando suas cortinas foram instaladas na suas respectivas salas.

Eu moro há mais de um ano aqui, nesta casa. Antigamente eu morava na da minha mãe, que foi embora do Brasil e deixou a sua casa toda decorada por ela mesma, pra eu e minha novíssima família morarmos. Suas panelas, seus jogos de lençol, suas tupperwares e suas cortinas. Tudo o que minha mãe juntou durante os quase 25 anos de casamento dela. Por mais que eu fosse a responsável por tudo aquilo, era a casa da minha mãe, eram os móveis da minha mãe, eram as cortinas da minha mãe.
Então meu marido arranja um emprego em outra cidade e temos que nos mudar.
Uma solução temporária para termos alguma privacidade foi colocarmos lençóis nas janelas. Mas seria algo para durar no máximo um mês. E passou um, dois, três, seis, doze.

E eu arrumei os móveis conforme o feng shui aconselha, distribuí tudo conforme a necessidade estética. Mas havia os lençóis, aqueles malditos lençóis nas janelas, que davam um aspecto totalmente cigano à minha sala.
Aquilo me deprimia. Eu não era cigana, eu era uma menina de 23 anos, com uma família pra cuidar. E aqueles lençóis feios e velhos, da moranguinho, presos com alfinetes, me impediam de seguir em frente.

E um belo dia, meu marido, tocado pela mão divina, entra no site das pernambucanas, e vê belíssimos e baratos modelos de cortinas. Então, tocados pela outra mão divina, corremos pra loja mais perto de nossas casas e, em menos de 10 minutos, saio da loja plena e cheia de sacolas.
Eu tiro fotos da instalação, vou ao lado de fora e quase choro de emoção, porque não vejo mais os desenhos da moranguinho. E ainda por cima, elas combinam com o sofá; o rack; a escrivaninha; a sapateira e até com meu mensageiro do vento.
Minha sala está completa, recheada, e sem aquele ar de que, a qualquer momento, Dara e Igor desceriam pelas escadas.

Eu tenho cortinas novas, e sou feliz.


O próximo passo é trocar o sofá. Eu não posso assistir Twin Peaks e Arquivo X num sofá rasgando. Isso me tira a vontade de viver.

Nenhum comentário: