terça-feira, 17 de julho de 2007

Eu não sou moderna


Não adianta. Eu não sou moderna. E quando eu digo isso eu não digo moderna no sentido "indiezinho fã de Klaxons que usa all star velho de cano alto, calça skinny e camiseta do Babyshambles" . Eu não sou moderna porque essa tecnologia e essa modernidade toda são demais pra mim.
Eu ainda não aceitei o iPod na vida das pessoas. Eu acho na verdade o iPod , o mp3 e toda essa era de música por download algo abominável. Apesar de eu mesma puxar um monte de músicas , eu o faço por pura necessidade. Eu admito que sem a era pós-Napster eu nunca teria conhecido as bandas que hoje conheço, mas sinceramente, eu encaro o fim do vinil e do cd com certa tristeza. Quer dizer que não vai ter mais aquela coisa de você comprar um disco porque você achou a capa misteriosa e psicodélica? Quer dizer que você não vai mais poder comentar "caramba, como esse cara tá gato/gay nessa capa". Capas de álbum não vai mais estampar camisetas, porque tudo vai se resumir a downloads no mySpace?
Eu detesto iPod. Na verdade, eu não detesto iPod, mas eu detesto o péssimo hábito que as pessoas têm de usar fones de ouvido em tudo que é lugar. Quando você está sozinho, esperando numa fila, andando, etc, isso é válido, mas largar seu amigo falando sozinho ou se trancar no seu próprio mundo pra enfiar aquele fone de ouvido na orelha e esquecer da realidade - isso é ridículo.
Eu odeio Orkut Eu odeio MSN. Eu estou nele, e acho ele útil de diversas formas, mas minha relação com ele é de amor e ódio. As pessoas não se telefonam mais, elas só se falam pelo Messenger. As pessoas nem e-mail mandam mais, elas só ficam agora mandando aqueles testimonials sem nexo que começam com o clássico "NÃO ACEITA! NÃO ACEITA!" e a mensagem depois. Dá vontade de aceitar e tirar uma da cara dessa pessoa que não sabe pra que existe E-MAIL. Sem contar que depois do Orkut, acho que o bullying nas escolas tomou níveis do tipo filmes-de-kung-fu-e-máfia. Imagina, a criança já é massacrada na escola, e depois massacrada virtualmente numa comunidade feita anti-ela. Dá dó, de verdade.
Eu odeio crianças de 8 anos usando celular. Eu odeio crianças com tênis de rodinha (isso não é tecnológico mas também me irrita). Eu odeio arquitetura moderna. Eu odeio quando demolem um prédio lindo, antigo e art nouveau pra construírem um caixote de concreto e vidro e falarem que aquele lixo é modernidade. (pro pessoal de Santo André e afins: eu odiei quando demoliram a casinha do Pentágono maravilhosa da D.Pedro II pra fazerem aquele McDonald's caixote que nem ocupou todo o terreno). Eu odeio decoração minimalista que deixa até quarto de bebê com cara de consultório de dentista.
Eu odeio roupas modernas. Tecidos tecnológicos. Eu odeio música eletrônica demais. Alguma coisa eu gosto, como electroclash e derivados, mas psy pra mim é o fim da picada. Techno também me dá nos nervos. Acho que música é mais do que um monte de batidas extenuantes que podem te enlouquecer em 5 segundos.
Eu odeio o fato da MTV ter tirado os clipes da programação pra passar no Overdrive, pensando que eu fico na internet o dia todo. Eu odeio essa programação revista Capricho que eles criaram pra substituir os clipes.
Eu odeio todas essas inovações tecnológicas inúteis que ficam mostrando nas feiras de Tóquio, como cão-robô, tela de cinema nos óculos e essa parafernália toda que não muda o curso do mundo. Eu odiei saber que o povo fez fila quilométrica pra comprar aquele iPhone. Estamos ficando depende das máquinas. Somos agora apenas uma extensão biológica de computadores. É isso que a sociedade está se tornando.
Eu tenho saudades do tempo em que as pessoas ligavam pras outras e marcavam uma cerveja ou um sorvete no barzinho da esquina, porque diversão na época era isso, e não ficar jogando Counter Strike até altas horas . Porque convenhamos, aquele povo na lan enquanto tá de férias na praia é doentio.

Eu queria ter o poder de desligar a Internet do mundo todo por um ano e ver como as pessoas reagiriam. Ah , como eu queria!

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