Você sabe muito bem do que eu estou falando!
Sei?
Por que as pessoas sempre acham que você sabe do que elas estão falando?
Caralho! Não faço a menor porra da idéia do que você está falando. Dentre o seu universo de nóias e coisas negativas, entre um milhão de possibilidades de enxergar o mundo, por que teria eu a obrigação de enxergá-lo como você? Isso, só para que ter certeza absoluta do que você está falando. Já parou pra pensar sobre isto?
Não, não senhor. Pode ir parando com esse papinho, você sempre faz isso.
Isso o quê?
Isso que você faz. Que nem aquele dia que voltávamos da casa da Marcela, você fez a mesma coisa, exatamente a mesma coisa.
Como se pode fazer uma coisa que não sabe nem o que é? Como repetir o erro ou algo desagradável, quando inexistente? Me diz!
Tá vendo? É disso que eu estou falando, e você diz que não sabe.
Você que tem essa mania de achar que eu sempre sei do que você está falando, que o mudo tem a obrigação de sabê-lo também, e que estamos todos errados por conta disso. Eu, você e o mundo.
Há, vai dizer que você não sabe.
Sabe do que eu tenho mais medo?
Do que?
Só tem uma frase sua que me faz temer mais que esse troço de “Você sabe do que eu estou falando!”.
Ah é? E qual é?
É a maldita: Você não vê nada de diferente em mim!? ...(pausa dramática)...Viu? Tenho certeza que você sabe do que eu estou falando.
Depois disso, foram cinco minutos de silêncio ininterrupto na mesa da lanchonete. Camila dobrava guardanapos, e Carlos fumava olhando a chuva que caía lá fora, até que alguém na mesa ao lado quebrou o silêncio com um canudo: chupou rápido todo o líquido de coca num copo cheio de gelo, que gritou.
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