sexta-feira, 8 de junho de 2007

A condição, o Condicionado e o Condicionador



Esta é uma peça divida em três atos.

Ato I: A Condição

Dar ao texto um tom filosofal, banal ou humorístico? Fazer o leitor pensar em dúvidas existenciais como “se você fosse obrigado a escolher entre não fazer nada e viver de memórias ou não ter memória e fazer as coisas mais loucas possíveis, o que você escolheria?”, ou fazer um diário de piadas como “Sem Plumas” de Vossa Excelência Woody Allen? Comentar “melhores da vida” como em “Alta Fidelidade”, ou propor manifestos? Covardia ou coragem? Megalomania ou modéstia? Extremos dão-se as mãos? Pasteurizados ou padrões? A-há! Os dois últimos não são extremos.

Vejo que o texto optou pela metalinguagem, e pela “ó tão falada” ‘linguagem rebuscada’. Ah, quantas palavras bonitas para descreverem uma situação! Desculpe-me, não situação e sim “condição”: Porque todos nós temos válvulas de escape para desenvolver o processo criativo.

Eu, por exemplo, coloco músicas POP, e literalmente POP, que vão de Britney Spears à Glória Gaynor, e danço feito uma retardada em frente ao meu computador. Essa cena é real, não se assustem. Invento coreografias ‘E’ncríveis e por aí vai.

Bem em frente ao escritório há uma grande janela, espécie de janela-porta, e se qualquer um passar na rua quando a janela estiver aberta e eu estiver dançando feliz, poderá apreciar a minha humilde pessoa em momentos sem igual! Aliás, às vezes morro de medo disso acontecer, e fico olhando pela janela, para ver se há algum carro parado em frente da casa me observando. Paranóias à parte, essa foi a condição.

Ato II: O Condicionado

O condicionado pode ser qualquer um, qualquer um mesmo: Eu posso ser o condicionado; você, leitor, pode ser o condicionado! As falas desse papel são de fácil memorização, e qualquer um tem capacidade suficiente para interpretá-lo sem fazer grandes esforços. Elas geralmente se resumem a “Ai, não consigo.”; “Não dá.”; “Vou desistir.”; “Não! Seja persistente”; “Eu tenho que conseguir!”. E uma improvisação nunca é de mal grado.

O condicionado pode ser estudado, principalmente, pela teoria da psicologia comportamental, o famoso “behaviorismo”. Para quem não sabe: é uma teoria sobre estímulos e as respectivas reações a eles. O que me lembra “LOST”, e que eu perdi o fio da meada. Já fui fã de carteirinha, nunca perdia um episódio sequer. Agora desandei nessa vida e vou ter que esperar para ver a maratona. Porque, não sei se vocês sabem, mas às vezes eu crio alguns tipos de CONDIÇÕES para fatos e, em relação à “LOST”, a condição que criei foi que o bacana do programa é a trama em si, e não o show televisivo. Portanto a brincadeira é ser masoquista e ficar uma semana inteira pensando o que acontecerá no episódio seguinte. Conseqüentemente, não baixo episódios pela Internet; não os alugo em DVD; não compro pirata. Nada disso importa, porque o que realmente importa é a condição em que me coloquei, ou seja, como me transformei no “condicionado”.

Ato III: O Condicionador

“Shampoo, qualquer um. Condicionador, só Monange.”

FIM

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