terça-feira, 5 de junho de 2007

Prato Principal



Aqui vai protesto. Um protesto contra o mau gosto.

Na verdade é um assunto chato, mas preciso desabafar. Pra semana que vem, prometo algo mais agradável aos olhos, que não tenha nada que ver com arquitetura.

Eu faço arquitetura, sabe? Como boa estudante, não tenho idéia se vou querer trabalhar com isso ou não, mesmo estando no quarto ano. Mas a arquitetura é daquelas profissões que você vira (ou sempre foi) eternamente aquilo. Eu não estudo arquitetura, eu não faço arquitetura. Eu SOU arquiteta, 24 horas por dia, querendo ou não. Isso na verdade é um alívio ao dilema anterior, por aquelas linhas tortas que só eu entendo no meu amor pela coisa.

E se tem uma coisa que me tira o sono, é por que as coisas têm que ser tão feias... Não os prédios. É mais grave.

Vivemos em um mundo altamente industrializado. A pré-fabricação é lei, as peças prontas são mais baratas do que as que se mandam fazer. Pois bem, então se cria um padrão estético atingível a todos aqueles com dinheiro suficiente para construir uma casa (os bem endinheirados, na verdade, mandam fazer, então eles ficam pra um próximo capítulo).

Mas POR QUE os armários, caixilhos, batentes, sofás, tem que ser desse jeito? Não seria esse o cenário ideal para a construção estética que a Bauhaus sempre sonhou? Faria diferença aos fabricantes fazer alguma coisa bonita ou feia? Que referências neo-historicistas são essas que nem se apropriam direito dos estilos? Será que esse é o gosto estético das massas ou elas simplesmente escolhem entre o lixo? Existe algo como educação estética?

Não vou colocar imagens do que eu estou pensando porque não tenho fotos minhas. Mas todo mundo conhece aquela bela janela metálica preta ou prateada, que só abre metade, super generosa, sempre meia luz ou meio ventilado. É daquilo que eu tô falando. Todo mundo tem, até eu. Mas existem infinitas possibilidades de se pensar em aberturas mais bacanas. Poxa, as janelas coloniais são mais legais... Pelo menos abrem por inteiro, tem mais a ver com o nosso clima. Eu não sei onde que a gente perdeu a funcionalidade das coisas. E não foi nem em troca da forma!

Tem piores ainda... Portões de garagem que dão vontade de chorar.

Não sei se consegui expor o que me aflige. Escrevi um texto há um mês mais ou menos sobre isso, talvez mais bem estruturado, mas bem menos didático – no sentido de que alguém que nunca surtou nessas questões talvez me ache alucinada. Quem sabe coloco aqui algum dia? Quem sabe já pareci alucinada?

Reitero a promessa de que semana que vem falo de um assunto melhor. Ou escrevo um conto, veremos.

Sobremesa

Ouçam: Regina Spektor – Hotel Song
Para a próxima semana: Kings of Leon

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